O acesso posterior do úmero
- P.L.
- 3 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de dez. de 2020
Paciente de 22 anos, fratura do úmero há 7 dias depois de levar uma kimura no treino de jiu-jitsu. Nervo radial intacto.

A fratura até tem um contato razoável entre os fragmentos apesar de ser instável rotacionalmente, mas o paciente tinha muito incômodo, mesmo com a tala, então foi indicada a cirurgia. Pessoalmente acho que os desvios aceitáveis de acordo com o livro são absurdos. Eles foram tirados de um artigo de 1966 que não avaliou a função dos pacientes, o pesquisador só perguntou se a fratura consolidada atrapalhava as atividades diárias. Por culpa desse capítulo do livro muita gente acha que o úmero consolida sempre, e o que a gente vê é uma quantidade muito grande de pseudoartrose no SUS. Quem já teve que dissecar o nervo radial grudado no tecido fibroso no meio da pseudoartrose passa a indicar o tratamento conservador com muito cuidado.
Essa é uma fratura simples, então demanda estabilidade absoluta. Apesar de tudo o que é falado, e da divergência da AOTLA e da AONA sobre isso, eu pessoalmente não acho certo tratar qualquer úmero com estabilidade relativa, a força da gravidade no membro superior provoca o efeito oposto que em uma fratura do membro inferior. Pra mim o melhor acesso pra TODAS as fraturas puramente diafisafias do úmero é esse:

Existem outros acessos também: posterior transtriciptal, lateral direto, anterolateral e medial. Mas o acesso de Gerwin modificado é o único que é 100% anatômico - poupa todas as fibras musculares, origens e inserções -, dá a maior visualização do osso, permite colocar a placa na superfície de tensão, e é o melhor pra dissecar o nervo radial. A diferença do Gerwin modificado pro Gerwin tradicional, é que nesse o acesso à parte proximal da diafise é feito entre as cabeças lateral e longa do triceps. Esse foi o acesso.

E esse é o resultado final. Contra o que falam, o mais importante não é colocar 4 parafusos em cada fragmento, o mais importante no úmero é usar uma placa longa, porque as principais forças contra a placa são torcionais.

Links úteis:
- Alternative Operative Exposures of the Posterior Aspect of the Humeral Diaphysis. With Reference to the Radial Nerve
- Video do acesso de Gerwin:
Comments