Politrauma 1, parte 1
- P.L.
- 10 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de dez. de 2020
Paciente de 38 anos, sofreu um acidente de carro trágico há 4 semanas, tendo perdido a esposa, o filho, o carro, e tendo as seguintes avarias no esqueleto:

À primeira vista temos uma fratura diafisária do fêmur direito, fratura exposta do úmero distal esquerdo, fratura exposta do rádio distal esquerdo e uma dissociação escafossemilunar à esquerda. Mais sutilmente, olhando o perfil do joelho, da pra suspeitar de uma fratura de Hoffa medial, que foi confirmada pela TC.
Pelo tempo de fixador superior a duas semanas, deixamos o úmero pra um segundo dia para poder dar tempo do trajeto dos pinos ser descolonizado, reduzindo as chances de infecção. Decidimos começar pelo fêmur. Se a equipe da anestesia falasse pra interromper a cirurgia no intervalo entre uma fratura e outra, pelo menos o paciente já conseguiria se sentar no leito.

O raciocínio pro fêmur é bem direto. A ideia era não abrir o foco novamente, o que pode ser difícil pelo tempo de fratura. Pra fazer isso usamos uma mesa de tração, e deixamos a disposição a ferramenta de redução em" F" (ou nunchaku, que é o apelido mais legal).

A haste escolhida foi uma de entrada pela fossa do piriforme. Pelo fato da fratura ter uma cominuição medial, uma haste reta reduz as chances de acontecer um desvio em varo por erro do ponto de entrada, já que o ponto inicial das hastes retas é colinear com o canal. No final tivemos que usar o nunchaku para ajudar na redução.

A próxima foi a fratura de Hoffa.

Mesa de tração retirada, e novos campos colocados. A fratura é bem transversa, o que permite a colocação dos parafusos de tração perpendiculares a ela pelo acesso subvasto. Como a fratura tinha uma extensão metafisária longa e é uma articular parcial, merecia também uma placa de suporte posteromedial para neutralizar as forças deformantes, que poderia ser colocada pelo mesmo acesso subvasto. A artéria femoral nessa altura já está bem posterior, então não é um risco nessa cirurgia.


Com o consentimento da equipe da anestesia, retiramos o fixador do cotovelo e fomos para a fratura do rádio distal (a mais difícil!!!).

A idéia, por ser uma fratura com a articulação multifragmentada, era a fixação por fragmento específico. E pelo próprio acesso da fratura dorsal seria feita a redução e fixação do carpo. Ainda não chegou o dia de falar sobre rádio distal. O punho foi operado por um dos meus mentores da época do R4 em trauma, que é infinitamente mais experiente que eu.

Links úteis:
- Nailing Femoral Shaft Fractures: Starting Point Tips and Tricks
- Acesso subvasto medial para fratura de Hoffa
Komentar